Dra Camila C Miranda esclarece as principais dúvidas sobre prevenção do câncer de mama

Neste mês uma importante campanha é realizada para a prevenção de câncer de mama. Trata-se do Outubro Rosa. Com intuito de falar mais sobre esse tema e, especialmente, sobre a prevenção do câncer de mama e também as dúvidas mais comuns entre as pacientes, a médica especializada em Ginecologia e Obstetrícia Camila Coelho Miranda conversou com a Revista Carlini & Carlini.
Confira a seguir a entrevista.

Revista Carlini & Carlini – Quando se deve fazer uma consulta ginecológica?

A resposta é: regularmente! Ir ao ginecologista regularmente é um dos cuidados essenciais para a saúde de mulheres de praticamente todas as idades, pois serve para prevenção de doenças, como o câncer de mama e o de colo do útero, corrimentos, entre outras questões e também para evitar problemas futuros. Além de ser também uma oportunidade para esclarecimentos de dúvidas e prevenção de gravidez indesejada.

Revista Carlini & Carlini – O que é câncer de mama?

O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação de células anormais da mama, que formam um tumor. Há vários tipos de câncer de mama. Alguns têm desenvolvimento rápido, enquanto outros são mais lentos. Depois do câncer de pele não melanoma, o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil e responde por cerca de 25% dos casos novos a cada ano. Especificamente no Brasil, esse percentual é um pouco mais elevado e chega a 28,1%. Existe tratamento para câncer de mama e o Ministério da Saúde oferece atendimento por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Revista Carlini & Carlini – Existem fatores de risco para desenvolvimento do câncer de mama?

A resposta é sim. Apesar de não haver uma única causa específica, existem alguns fatores e atitudes que estão associados ao aumento do risco de desenvolver a doença. Dentre eles estão:

– Idade, pois a chance aumenta na medida em que se envelhece.
– Menarca precoce, ou seja, menstruar cedo.
– Menopausa tardia.
– Nuliparidade, que significa não ter filhos.
– Ter primeiro filho em idade avançada.
– Não amamentação.
– Uso de terapia de reposição hormonal sem orientação e uso indiscriminado.
– Consumo excessivo de álcool.
– Obesidade na pós-menopausa e sedentarismo.
– Fatores hereditários. Nesse caso, o risco é maior quando os parentes acometidos são de primeiro grau como: pai, mãe, irmãos, filhos.

Revista Carlini & Carlini – O autoexame sempre detecta a doença? E além do caroço existem outras manifestações?

Não. O autoexame nem sempre detecta alterações, pois a doença tem uma fase em que as lesões são impalpáveis. Por isso, é importante a realização de exame de rotina. E sim, além do caroço, existem outros sintomas que podem alertar sobre a doença, como:

– Aspecto de casca de laranja.
– Irritação ou irregularidades na pele.
– Dor.
– Inversão ou descamação no mamilo.
– Descarga papilar, que é a saída de secreção pelo mamilo.
– Nódulos palpáveis na axila.

Revista Carlini & Carlini – Prótese de silicone causa câncer de mama?

Não há evidência científica de que exista associação entre implantes mamários de silicone e o risco de desenvolvimento de câncer de mama.

Revista Carlini & Carlini – Existe alguma mudança que se possa fazer para diminuir a chance de ter a doença?

Sim! Mudar estilo de vida pode reduzir 28% dos casos de câncer de mama. Entre algumas mudanças estão:

– Eliminar o excesso de peso. O recomendado é que o índice de massa corporal não ultrapasse 25, prevenindo 14% dos diagnósticos.
– Atividade física regular, como uma caminhada mais acelerada, e por, no mínimo, 30 minutos diários.

Revista Carlini & Carlini – Há alimentos que ajudam a prevenir a doença?

Os de origem vegetal, como: frutas, legumes, verduras e leguminosas (como feijão, lentilha, grão-de-bico), têm o poder de inibir a chegada de compostos cancerígenos às células e, ainda, consertar o DNA danificado quando a agressão já começou. Por isso, é importante variar a alimentação ao máximo. A recomendação é consumir, no mínimo, 400g por dia de vegetais, sendo 2/5 de frutas e 3/5 de legumes e verduras. Cada porção equivale a uma quantia que caiba na palma da sua mão.

Revista Carlini & Carlini – Quais são os alimentos prejudiciais?

– Os embutidos, que apresentam grande quantidade de sal, nitritos e nitratos. Pois os conservantes em contato com o suco digestivo do estômago se transformam em compostos cancerígenos. Por isso, evite ao máximo comê-los, mas o ideal é que não sejam consumidos.

– Recomenda-se a diminuição da ingestão de carne vermelha. A forma de preparo dos alimentos, especialmente das carnes (de qualquer tipo), também pode influenciar. Os feitos na chapa ou fritos trazem malefícios porque a exposição às altas temperaturas também atua na formação de compostos cancerígenos. Prefira levá-los ao forno ou usá-los em ensopados. Se quiser grelhar, opte pelo pré-cozimento.

– Consumo de churrasco também eleva os riscos. Além da temperatura alta, a fumaça do carvão tem dois componentes cancerígenos (alcatrão e hidrocarboneto policíclico aromático), que impregnam na refeição.

Revista Carlini & Carlini – A pílula anticoncepcional aumenta o risco da doença?

Existem estudos que demonstram fraca relação de causalidade entre pílula anticoncepcional e risco da doença, enquanto outros demonstram alguma relação.

Revista Carlini & Carlini – O que é mamografia e quando fazer?!

A mamografia é um exame, sendo provavelmente o mais importante e o mais capaz de detectar o câncer de mama ainda no estágio inicial. É extremamente necessária, porque pode detectar lesões benignas e cânceres em seu estágio inicial. Isso mesmo, até quando não conseguem ser percebidos pela paciente no autoexame e pelo médico nas consultas de rotina. Ou seja, a mamografia é o único exame que pode detectar câncer de mama no início!

Sobre quando fazer, recomenda-se que:

– Entre 35 e 40 anos: seja feita uma mamografia de base.
– Acima de 40 anos: deve-se realizar uma mamografia anual ou a cada 2 anos, de acordo com recomendação do Colégio Brasileiro de Radiologia e o quadro clínico da paciente e fatores de risco.

Revista Carlini & Carlini – Amamentar é fator protetor para câncer de mama?

Sim. O motivo pelo qual amamentar reduz o risco de câncer está relacionado ao fato de a amamentação retardar a ovulação e, consequentemente, diminuir o nível de hormônios no organismo. Os cientistas acreditam, por exemplo, que quanto maior é o número de ovulações, maior é o risco de ocorrer a formação de células mutantes pelos altos níveis de estrogênio a que são expostas.

 Revista Carlini & Carlini – Gostaria de acrescentar alguma informação?

 Faça sua consulta ginecológica de rotina. Cuidar-se é o maior ato de amor.

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